quinta-feira, 9 de julho de 2009

Dias de Cão

Nem sei por onde começar, ainda por cima ontem estive sem net e não pude vir aqui colocar no "papel" o que se passou durante o dia.
Começou cedo o dia, levantei-me cedinho e fui para a embaixada fazer o registo como um menino bem comportado, felizmente a embaixada é mesmo aqui ao pé de casa e não tenho de me preocupar onde estacionar o carro, mas as boas noticias acabam depressa, chego à embaixada e está uma quantidade enorme de pessoas à porta já dentro dos gradeamentos com a policia a tentar controlar a situação, no entanto aguardo e a fila de pessoas para a porta do consulado é bem menor, finalmente lá vamos entrando, vou ser dos primeiros, mas ainda tenho de aguardar, e ainda por cima o ar condicionado está a ser reparado e o calor na sala aumenta, finalmente sou atendido, a funcionária é simpática e prestável, efectuo o registo, dou os dados de contacto aqui e em Portugal e aproveito para pedir a caderneta consular que me permite em caso de perca de documentos, muitos inconveninentes e atrasos. Não foi assim tão mau, em duas horas fiquei despachado.
Entretanto uma série de outras coisas para fazer e o motorista não aparece, está a doer-lhe a cabeça e foi fazer um exame à clinica e embora me tenha estragado os planos para a manhã, uma pessoa não fica sem nada para fazer com a quantidade de trabalho que se têm, há sempre alguma coisa para fazer e aproveito e como tinha visto uma loja de material de escritório fui pedir umas cotações e pelo menos fecho mais um assunto antes que os chefes cheguem à tarde de avião, vindos do sul de Angola.
Finalmente aparece o motorista e organizo o resto do dia, como está na hora de almoço peço-lhe que esteja no escritório às duas para me dar boleia para o centro da cidade antes de ir para o aeroporto buscar os chefes, entretanto tratava de alguns assuntos e assim que estivesse despachado ou pedia para me irem buscar ou voltava a pé para o escritório. E lá vamos nós, um tráfego intenso como de costume e estamos a atravessar um cruzamento onde o trânsito está parado, de repente olho para a direita e vejo uma scooter a vir na minha direcção e ..... Pumbas ... mesmo em cheio na minha porta .... e só o vejo ficar para trás, o motorista pára o carro e eu, estratégicamente fiquei dentro do carro com a portinha fechada, porque de repente aparecem nativos de todos os lados e nunca se sabe como a coisa vai correr. Entretanto lá o motorista vai falando com os brothers, uma confusão completa a scooter do outro toda partidinha e a nossa porta, nem me atrevo a meter a cabeça de fora para ver, mas não parece ter ficado mal. O motorista entretanto vem chegar o carro à frente e parece que a coisa está controlada, mas nunca fiando. Passado um bocado, vi que a situação estava um pouco mais calma e saio do carro, ainda está ali um grupo grande pessoas, chamo o motorista à parte, dou-lhe uma série de instruções e como num apice e sem alarido vou-me embora a pé, que branco nestas situações só piora, telefono a uma pessoa para pegar no meu carro e ir buscar os chefes, envio uma mensagem ao boss a avisar da situação e vou à minha vida, o motorista sabe para onde vou, ..., trato do que tenho a tratar, telefono ao motorista para ver como está a situação e peço para ele me vir buscar, ficou tudo resolvido, e o carro só ficou com umas marcas nos plásticos da porta, ....., mais um stress que passou, pelo menos dá para relaxar um pouco no carro, que isto de carro em Luanda, é devagarinho ou parado.
O resto do dia correu bem, apenas muito trabalho como de costume, o voo dos chefes atrasou, mas nada de especial e à noite, bifinho no Regente com ovinho a cavalo, batata frita e arroz com bróculos e uma água tónica a acompanhar.
Dia seguinte, ou hoje, ou ontem conforme a perspectiva!!!!
Montes de assuntos para tratar, pessoas que não atedem o telefone, pessoas que não aparecem,...., pelo menos já preenchi os papeis para a prorrogação do visto e pronto para entregar e tratarem do assunto na DEFA.
O dia lá passou, sempre a andar e a tratar de coisas de última hora pois vou ficar a tomar conta da loja e disseram-me hoje que vou ficar a chefiar a equipa durante a ausência do T e do AV, que vão voar para Portugal e sem data de regresso a Luanda.
À noite vou levar os chefes ao aeroporto e vou jantar com eles, mais um bifinho no Regente, à volta para o escritório, paro ao eixo da estrada, pisca ligado faz tempo viro e de repente vem uma mota de trás e PUMBA em cheio no carro (esperança de vida de um condutor de mota em Luanda - muito pouco). Por incrive que pareça o carro não sofreu nada e o condutor da mota parece estar bêbado e fica sentado combalido do embate, mas nem refila, tomara, a culpa é toda dele, mas num país como este uma pessoa nunca sabe como é que as coisas acabam. Passado um bocado, o tipo levanta-se pega na mota e vai embora.
Entretanto metem-se as malas no carro e lá vamos nós para o aeroporto, fica relativamente perto, mas o trânsito continua de loucos e uma pessoa tem sempre receio quer de algum acidente ou de ficarmos parados numa fila e sermos assaltados ou coisa parecida, no entanto correu tudo bem, cheguei bem a casa, hoje só cá estou eu e o segurança que eu vejo passar de vez em quando aqui na janela da sala.
Estou estoirado e amanhã de manhã tenho de ir para Viana com duas pessoas para a avaliação de um terreno, o mesmo sitio onde mataram ontem a tiro um português, mas pelo menos durante o dia é mais seguro e esperemos que o transito esteja melhor.
Amanhã à mais, e é sexta-feira, vêmo-nos no Pintos

Sem comentários: