domingo, 5 de julho de 2009

Diário de Bordo - Início

Hoje é Domingo, o meu segundo em Luanda e aproveito para descansar, relaxar e para começar a escrever este diário que irá tentar relatar as minhas aventuras, ou outras coisas corriqueiras que aqui podem ser verdadeiros desafios.
Já lá vão duas semanas aqui em Luanda, começaram bem, pelo menos no aeroporto, apesar do aspecto degradado e das filas de espera para o controle de passaportes, não houve problemas e nem sequer pediram para abrir a mala, para a próxima tenho de trazer uns mimos para o dia-a-dia.
Como prometido tinha o motorista à minha espera à saída do aeroporto, com um papel improvisado com o nome da empresa, ainda esperei uns minutos, mas apenas porque o carro estava mal estacionado, o motorista não tinha entrado na sala de saída para poder estar de olho no carro, podia a policia começar a implicar. Fui directo para o apartamento que fica no edificio do escritório e contrário ao que esperava o trânsito até não foi assim tão mau e a distância do aeroporto é relativamente pequena.
As memórias dos primeiros dias já começam a desvanecer-se, no entanto vou tentar colocar aqui aquilo que de mais importante se passou.
O primeiro dia, é sempre o de descoberta, com uma pessoa algo desorientada e sem saber bem o que fazer, apresentação a pessoas, mostrar as instalações, etc etc, o normal. O escritório e os alojamentos ocupam uma moradia no centro de Luanda, eu vou ficar na cave temporáriamente no apartamento do vice-presidente enquanto as minhas instalações não ficam concluídas, tenho tudo aquilo de que preciso, não me posso queixar de maneira nenhuma. O escritório em si fica no primeiro piso com umas poucas de salas, entretanto somos poucos por aqui, no piso térreo, está uma outra empresa que trabalha connosco na área da Imobiliária, tenho empregada e as coisas apresentam-se limpas.
Entretanto saimos, vão-me mostrar alguns dos terrenos, um em Viana ou na estrada de Camama, o trânsito é de loucos, as estradas todas em obras e parece não haver um código da estrada, é tudo ao molhe e fé em Deus, é uma loucura conduzir aqui e só imagino um verdadeiro condutor Portista a conduzir nesta cidade. O tempo está meio encoberto, dizem-me que chama-se cacimbo e que dura aproximadamente 3 meses, no entanto está bastante calor, isto agora é o Inverno, imagino o Verão e viva o ar condicionado. Foi um primeiro dia engraçado, à vinda andamos perdidos para os lados de Talantona, estrada acima, estrada abaixo, o pior mesmo é as pessoas atravessarem-se à frente dos carros, é preciso ter estômago e um coração de ferro, para não ter um ataque cardiaco.
No segundo dia ou terceiro dia combino com um antigo professor da faculdade e vamos jantar, vêm-me buscar e levam-me a um restaurante na Ilha, muito simpático, aberto e como de costume muito caro, fiquei a conhecer mais umas pessoas e já não me sinto tão sozinho, comi um bifinho pimenta que estava uma autêntica delicia, acompanhado por um vinho tinto português, sinto-me em casa.
Os dias aqui começam cedo, embora me levante à mesma hora que em Portugal, e passam-se com um ritmo muito grande para compensar o tempo que muitas vezes perdemos, ou no trânsito ou noutra coisa qualquer, mas independentemente de tudo, estou a gostar, sinto-me motivado e estou a gostar imenso do desafio, afinal não vou estar a fiscalizar a obra que me indicaram inicialmente, estou encarregue de uma outra, em Viana e tenho trabalhado também em arquitectura que é uma boa surpresa, tenho muitas coisas que fazer e os dias acabam invariavelmente muito tarde e nesta última sexta-feira, o corpo estava mesmo cansado e a pedir um fim-de-semana de descanso.
Entretanto entrei para o grupo de amigos apresentados pelo Bruno e uma pessoa já não se sente longe de casa, fiquei a conhecer o Pintos, onde parece que estamos num qualquer restaurante bar ou restaurante português, o ambiente é mesmo muito bom, caro como tudo, mas come-se um prego excelente e por um preço aceitável, Invariavelmente as noites no Pintos prolongam-se, mas com uma grande camaradagem além de ser um optimo sitio para se conhecer gente nova e interessante, o grupo é mesmo só de gaijos.
No outro dia conheci outro restaurante, o "T" levou-me, e comi a melhor massada de peixe de que me recordo, mesmo muito boa e com um jindungo a acompanhar de fazer vir as lágrimas aos olhos.
No outro dia conduzi pela primeira vez, e quem tem cu tem medo, e aqui, é preciso ter cu, ou pelo menos um pouco porque é uma loucura, mas não me perdi e consegui orientar-me, além de que fui logo mandado parar pela policia, não multou, viu os documentos e por acaso tinha uma nota de 10 dolares no passaporte, não a tirou, fiquei de boca aberta.
Entretanto não consigo fazer chamadas do meu telefone, vamos a ver se consigo resolver isto amanhã, preciso também de pedir a prorrogação do visto, tirar fotos etc, e a ver se consigo ir à embaixada fazer o registo.
Amanhã há mais!!!!!!!!!!!

Sem comentários: